UMA
METODOLOGIA PARA O ENSINO DE QUÍMICA E FÍSICA: A PRÁTICA DA PROBLEMATIZAÇÃO E A
EXPERIMENTAÇÃO
Tema:
Luz e Visão
1. INTRODUÇÃO
O
presente trabalho tem como busca estabelecer uma metodologia para o ensino de
conteúdos de Física no ensino de Ciências do Nível Fundamental, tendo como base
o tópico Luz e Visão, conteúdo presente no Tema 10, eixo 2 dos Conteúdo Básico
Comum para o estado de Minas Gerais (CBC). Este tópico trata do desenvolvimento
de habilidades referentes aos conceitos de propagação e reflexão da luz,
sombras, cores e formação de imagens em espelhos, bem como os processos
relacionados com o recebimento e processamento de informações pela visão
humana. (CBC, 2013).
O
estabelecimento desta metodologia tem como objetivo a proposição de uma aula de
Física, abordando a temática acima citada, e que busque trabalhar uma
metodologia de ensino que permita aos estudantes compreender e interagir com
seu próprio conhecimento, facilitando a compreensão de conceitos e
integrando-os ao cotidiano dos estudantes.
O
estabelecimento de novas metodologias, que incentivem a problematização e a
experimentação por parte do estudante é imprescindível para a superação das
posturas tradicionais de ensino, que visam a simples acumulação de conteúdos,
em detrimento das possibilidades de construção dos conhecimentos por parte dos
estudantes. Neste sentido, o uso de recursos didáticos que explorem a formulação
de hipóteses por parte dos estudantes, bem como a discussão de resultados
obtidos através da experimentação pode lançar uma nova luz para o ensino de
Física em todos os níveis de ensino. (BACHION e PESSANHA, 2012)
A
problematização e a experimentação, neste sentido, não são apenas uma
exclusividade do ensino de Física, mas deve envolver todos os campos de ensino,
devendo ser aplicadas de forma recorrente na escola, a fim de permitir o
desenvolvimento individual dos estudantes. Em relação a isto, Berbel, 2011
coloca que:
Portanto,
juntamente com os diferentes tipos de informações a serem adquiridas, podemos
compreender, pelos textos da Lei, que a escola tem a incumbência de atuar para
promover o desenvolvimento humano, a conquista de níveis complexos de
pensamento e de comprometimento em suas ações. (BERBEL, 2011, pg. 26)
Neste
contexto, a atuação do professor nas mudanças metodológicas que se propõem é
imprescindível, visto que ele encontra-se mais capacitado para estimular e
disponibilizar os recursos essenciais para que os estudantes cumpram os
objetivos propostos pelas atividades sugeridas, permitindo a criação de novas
atitudes e o estabelecimento de novos conhecimentos por parte dos estudantes.
(SANTOS e SILVA, 2008)
1.1 A problematização no ensino
de Ciências:
A
atividade proposta neste trabalho será pautada na problematização aqui
entendida como o estabelecimento de situações-problema, que agucem a
curiosidade dos estudantes, estimulando-os a pensar nos fenômenos do seu
cotidiano e em hipóteses para explica-los. Neste sentido, o problema é
entendido como algo novo e diferente, que não tem uma solução imediata, mas que
leva o estudante a refletir e a tomar decisões. Desta forma, o estudante tem
uma participação ativa em seu processo de aprendizado. (BACHION e PESSANHA,
2013)
Estas
situações-problema podem ser estabelecidas a partir de fenômenos do cotidiano,
como ponto de partida para o aprendizado, visto que estimula o uso de
habilidades cognitivas, superando a simples memorização de respostas corretas.
A formulação de hipóteses, a análise crítica e a reflexão são habilidades que
devem ser estimuladas em todos os níveis de ensino e que são fundamentais para
a vida dos estudantes, e não apenas ao aprendizado de Ciências. Delizoicov, 2001,
apud Bachion e Pessanha, 2012, afirma que na problematização:
[...]
apresentam-se situações reais que os alunos conhecem e presenciam, e que estão
envolvidas nos temas, e que também exigem a introdução dos conhecimentos
contidos nas teorias [...] Problematiza-se os conhecimentos que os alunos vão
expondo, de modo geral, a partir de poucas questões propostas. (DELIZOICOV,
2001).
Como
ponto de partida, o professor deve elencar uma série de questões a respeito do
conteúdo a ser trabalhado, buscando despertar o interesse e a curiosidade sobre
os fenômenos estudados. Cabe ao professor organizar os questionamentos e
explicações obtidos durante as discussões realizadas sobre o conteúdo,
encaminhando os estudantes para a construção de novos conceitos. Assim, o
professor deve atentar-se para o nível cognitivo dos estudantes, a faixa etária
e ao conteúdo trabalhado.
No
entanto, é importante que a proposição de situações-problema no ensino de
Física tenha um foco objetivo no sentido de conduzir a reflexões que levem ao
aprendizado, e que permitam aos estudantes a formulação de hipóteses. A
problematização não é uma simples busca por uma resposta certa, mas sim um
processo de mudança conceitual, em que velhas e novas ideias se somam para
explicar um fenômeno.
1.2 Recursos
didáticos utilizados:
Entende-se
por recursos didáticos os materiais usados para o apoio do ensino no conteúdo,
e que tem fundamental participação na mediação da relação ensino aprendizagem.
(SOUZA, 2007). Neste sentido, a atividade que propomos utilizará como recurso
didático a apresentação de slides (Datashow)
como apoio para a aula expositiva-dialogada, bem como a experimentação.
O
uso do Datashow como recurso didático
de apoio tem por finalidade facilitar apresentação de imagens, dando mais
agilidade à aula, tornando-a mais lúdica e interativa. É uma ferramenta de
ensino, e sua utilização deve sempre ser definida levando em consideração a sua
necessidade a determinado conteúdo, e sempre ser acompanhada pela capacitação
técnica do docente que a utiliza. (ROSA, 2000)
O
uso de recursos audiovisuais deve ser realizado de forma criteriosa pelo
professor, tendo em vista a complexa relação entre o ensino e aprendizagem,
sobretudo nos níveis básicos de ensino. Este processo envolve uma série de construções
simbólicas e abstratas, para as quais os estudantes dos níveis mais básicos nem
sempre estão preparados. A velocidade das informações passadas por recursos
audiovisuais – se por um lado conferem maior agilidade à aula – podem ter um
efeito contrário quando não utilizados corretamente. Sobre isto, Rosa,
2000afirma:
Estas coordenações simbólicas
(decodificação - transcrição - codificação)precisam ser trabalhadas pelo
Professor desde muito cedo. Um erro que se comete nasescolas é o de achar que,
por estarem acostumados a ver televisão, os estudantes jásejam capazes de olhar
um filme de Ciências e, a partir dele, compreenderem o eventocientífico
mostrado. É o mesmo que achar que, por alguém saber falar, seja capaz
decompreender o discurso técnico.
A
experimentação como recurso didático é compreendida como o processo de
construção do conhecimento por meio de atividades práticas que comprovem ou não
hipóteses formuladas para a explicação dos fenômenos. A experimentação é uma
metodologia muito utilizada por professores de Ciências, sobretudo pelo caráter
motivador e lúdico da atividade, que estimula o interesse dos estudantes e
alcança maior envolvimento por parte destes aos temas discutidos. (GIORDAN,
1999).
No
entanto, não é incomum o uso da experimentação, sobretudo nos níveis básicos de
ensino, como um instrumento com o fim em si mesmo: ao invés de estimular a
reflexão e a criação de novas hipóteses, a realização de experimentos ser usada
apenas para exemplificar leis e teorias ensinadas em sala de aula, com fórmulas
e passos prontos, como se por si só, a realização dos mesmos pudesse imprimir
nos estudantes o conhecimento científico. (BATISTA et al, 2009)
Neste
contexto, o processo de experimentação deve dar aos estudantes autonomia para
observar e pensar sobre seu próprio processo de aprendizagem, sem a preocupação
com a possibilidade de erros no processo de experimentação. Segundo Andradeet
al, 2009, a história do desenvolvimento
científico sempre esteve pautada em momentos de ruptura e crise, de forma que o
ensino experimental também deve estar aberto a esta possibilidade. Sobre este
assunto, Giordan, 1999 fala:
Numa dimensão psicológica, a experimentação,
quando aberta às possibilidades de erro e acerto, mantém oaluno comprometido
com sua aprendizagem, pois ele a reconhece comoestratégia para resolução de uma
problemática da qual ele toma parte diretamente, formulando-a inclusive. (GIORDAN,
1999, pg. 46)
Assim,
o uso destes recursos didáticos de forma eficiente e integrada às habilidades a
serem desenvolvidas e estabelecidas pelo Conteúdo Básico Comum de Ciências para
o tópico escolhido é essencial para o desenvolvimento de uma aula interativa e
que permita a construção do conhecimento pelos estudantes do Nível Fundamental
de ensino.
2. PASSO A PASSO DA AULA
A
aula proposta terá como ponto de partida as habilidades básicas presentes no
tópico 10 (Luz e Visão) do CBC, mais especificamente a que trata da relação
entre a reflexão da luz com as cores dos objetos.
Em
um primeiro momento, será realizada
uma discussão inicial, onde os estudantes serão levados a refletir sobre
algumas questões:
a)
O que é luz?
b)
Qual é a cor da luz?
c)
O que são as cores?
Esta
reflexão justifica-se pela problematização, como já afirmado anteriormente, que
visa o estabelecimento de questões problemas que incite os estudantes a
pensarem sobre a temática, e, por meio do diálogo, proporem soluções para as
questões. (SANTOS e SILVA, 2008).
Após um breve momento de discussões,
será realizado o segundo
momento, uma aula expositiva-dialogada, onde serão explorados os conceitos
de luz, enfatizando o espectro visível, ou seja, a pequena faixa de frequências das ondas eletromagnéticas que conseguem
impressionar e estimular nosso aparelho receptor, bem como o conceito de cor e
sua relação com a reflexão da luz. Neste momento, o uso do DataShow como ferramenta para a apresentação de
imagens é imprescindível.
Após a apresentação
dos conceitos básicos, iniciaremos as atividades de experimentação, que serão
divididas em duas etapas. A primeira etapa será conduzida pelo docente e
consistirá na repetição das duas experiências realizadas por Isaac Newton, em
1666, para comprovar a composição da luz branca: com o uso de uma lanterna e um
prisma, faremos a decomposição da luz branca, usando como ponto de apoio a
parede da sala de aula. A seguir, lhes será apresentados o disco de Newton,
composto pelas sete cores do espectro do visível, que quando girado com
intensidade, assume a coloração branca (SOUZA e BRUCK, 2009). Dado o tempo
disponível pela realização desta atividade e os recursos materiais disponíveis
(prisma, lanterna e discos de Newton), esta etapa deverá ser realizada de forma
coletiva, de forma que as observações sejam compartilhadas. A segunda etapa de
experimentação será realizada de forma individual, com a realização de uma
atividade experimental, envolvendo a utilização de CDs e plásticos coloridos,
onde os estudantes irão observar a composição da luz branca e a absorção de
luz. Serão propostas questões objetivas que os estudantes deverão responder a
fim de aprofundar seus conhecimentos em relação ao conteúdo estudado. (SOUZA e
BRUCK, 2009)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim,
este trabalho tem propõe uma aula de Física, com a temática Luz e Visão,
enfatizando as cores que compõem a luz branca. Neste sentido, buscamos criar
uma metodologia de ensino de conteúdos de Física para o ensino fundamental, que
propõe o estímulo à problematização, aqui entendida como a criação de situações
que permitam o desenvolvimento de reflexões por parte dos estudantes a respeito
do conteúdo estudado, bem como à experimentação, um recurso didático essencial
para o ensino de Ciências, que, quando bem conduzido, estimula o raciocínio e a
construção do pensamento científico.
A avaliação da atividade levará em consideração a interação/participação dos estudantes durante as discussões, tanto na fase inicial de problematização como durante a aula expositiva-dialogada, bem como nas atividades experimentais. A realização das questões objetivas também permitirá ao docente avaliar o quanto do conteúdo foi internalizado e quais construções efetivas foram realizadas a partir da aula proposta.
A avaliação da atividade levará em consideração a interação/participação dos estudantes durante as discussões, tanto na fase inicial de problematização como durante a aula expositiva-dialogada, bem como nas atividades experimentais. A realização das questões objetivas também permitirá ao docente avaliar o quanto do conteúdo foi internalizado e quais construções efetivas foram realizadas a partir da aula proposta.
4. REFERÊNCIAS
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<http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/1161.pdf> Acesso em
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http://www2.unimep.br/endipe/2830p.pdf> Acesso em 07/07/2013.
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<www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/download > Acesso em
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Edipurcs, 2008.
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<http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/6784/6249>
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